Rio de Janeiro, Brasil
March 18, 2005
Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência
Brasil
Cerca de 13% da safra brasileira de arroz, feijão, milho, soja e
trigo se perdem entre o plantio, a colheita, o transporte e a
armazenagem. Um estudo inédito do
Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta terça-feira
mostra que, entre 1996 e 2002, o país deixou de colher cerca de
28 milhões de toneladas de grãos. O ano mais crítico foi o de
2000, quando se deixou de colher 6,6 milhões de toneladas e a
cultura do trigo foi a mais prejudicada, com perdas da ordem de
4,1 milhões de toneladas, ou seja, 32% da produção.
Durante a colheita, por exemplo, as perdas destes grãos ocorrem
por causa da falta de manutenção das máquinas ou pelas
limitações da colheita manual. Em cada 10 sacas, 1,3 se perde. O
desperdício maior, no entanto, ocorre no transporte e na
armazenagem.
A publicação Indicadores Agropecuários 1996-2002 mostra que as
perdas antes da colheita estão relacionadas a fatores climáticos
e às doenças da lavoura. Na avaliação do coordenador de
Agropecuária do IBGE, Carlos Alberto Lauria, estes fatores não
podem ser controlados, mas devem ser amenizados com
investimentos. "No caso da seca, o produtor pode proteger sua
cultura investindo em irrigação. No caso da chuva, é
recomendável que o produtor faça um gerenciamento para saber a
melhor época de plantio e quanto às doenças, o uso de defensivos
ainda é a melhor prática", disse.
Para Lauria, as perdas com o transporte só serão resolvidas com
a melhoria da infra-estrutura das estradas. Cerca de 67% da
produção brasileira é escoada pelas rodovias, que em sua maioria
(80%) apresentam mal estado de conservação. Dados da
Confederação Nacional de Agricultura indicam que o prejuízo com
o derrame de grãos durante o transporte rodoviário chega a R$
2,7 bilhões a cada safra.
Quanto ao armazenamento, as perdas estão relacionadas à falta de
mão-de-obra qualificada para o manuseio dos grãos e também pelas
condições inadequadas dos silos de estocagem.
O engenheiro agrônomo da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária), Nilton Pereira da Costa, especialista em soja e
que também participou do estudo, disse que a expectativa de
perda de soja para a safra 2004/2005 é de 44 milhões de sacas,
ou seja, 2,6 milhões de toneladas, o que corresponde a quase 3%
da produção estimada para este ano. Em valores, as perdas chegam
R$ 1,3 bilhão, dinheiro que, conforme explicou, daria para
comprar 12 mil tratores, ou 62 mil carros populares, ou ainda
8,2 milhões de cestas básicas.
Study reveals that Brazil lost 28 million tons of grains between
1996 and 2000
Between 1996 and 2000 Brazil
failed to harvest around 28 million tons of grains, solely due
to losses that occurred between the sowing and pre-harvesting
periods in crops of rice, beans, corn, soybeans, and wheat. The
greatest loss was in 2000, when 6.6 million tons failed to be
harvested. Corn was the crop that suffered the greatest damage
that year, with losses on the order of 4.1 million tons.
These data come from an unpublished study released yesterday
(15) by the
Brazilian Institute of Geography and Statistics
(IBGE): Agricultural Indicators 1996-2003. The study analyzed
and quantified losses in the chief grains cultivated in Brazil
and collates a series of statistical data on agriculture
produced by the IBGE and various other agencies.
According to the survey, for example, if losses in the first
phase are the result of factors more difficult to control, such
as climate and disease, losses at harvesttime are due to
systematic errors in the adjustment of machinery or the
limitations inherent in gathering crops manually, and these
problems recur year after year. The same is true of the
post-harvest phase, when losses are caused by inadequate
storage, which reduces the quantity and quality of the grains
that are deposited.
The choice of means of transportation has also contributed to
elevating wastage. Around 67% of cargos in Brazil are shipped by
truck, and, according to the National Confederation of
Agriculture, losses due to grain spillage en route come to US$
977 million (R$ 2.7 billion) each harvest.
Translation: David Silberstein
Brasil perdió 28 millones de toneladas de granos entre 1996 y
2000
Entre 1996 y 2000 Brasil dejó
de cosechar cerca de 28 millones de toneladas de granos, sólo
debido a las pérdidas ocurridas entre el plantío y la precosecha
en las culturas de arroz, fríjol, maíz, soja y trigo. La mayor
pérdida ocurrió en 2000, cuando se dejó de coger 6,6 millones de
toneladas. En aquel año, el maíz fue la cultura más perjudicada,
con pérdidas por el orden de 4,1 millones de toneladas.
Los datos son de un estudio inédito divulgado el martes, por el
Instituto Brasileño de Geografía y Estadística (IBGE):
Indicadores Agropecuarios 1996-2003. El estudio analizó y
cuantificó las pérdidas de los principales granos de la
agricultura brasileña y reúne varias informaciones estadísticas
de agricultura, producidas por el IBGE y por varios otros
organismos.
De acuerdo con el estudio, por ejemplo, si las pérdidas de la
primera fase resultan de factores más incontrolables, como clima
y enfermedades, las pérdidas durante la cosecha son consecuencia
de errores sistemáticos de regulación de máquinas o de
limitaciones propias de la cosecha manual, que se repite a cada
cosecha.
También la elección del tipo de transporte ha contribuido para
aumentar el derroche. En Brasil cerca del 67% de las cargas son
transportadas por carreteras y, según la Confederación Nacional
de Agricultura, el prejuicio con el derrame de granos durante el
transporte por carretera llega a US$ 977 millones (R$ 2.700
millones) a cada cosecha.
Traducción: Alicia Rachaus |