O arroz é o cereal mais consumido
no mundo. No Brasil, a sua produção só perde para o milho e a
soja. Mas produzir este que é um dos principais alimentos da
mesa do brasileiro é bastante oneroso para o agricultor. Para se
plantar um hectare, por exemplo, são necessários cerca de 100
quilos de fertilizante nitrogenado, o que eqüivale a um custo
médio de 180 reais.
Com o objetivo de reduzir este
custo, a Embrapa
Agrobiologia(Seropédica/RJ), Unidade da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, vem pesquisando há mais de 20 anos a
utilização de bactérias fixadoras de nitrogênio nesta cultura.
Segundo os pesquisadores, até o final deste ano, o agricultor
terá um inoculante capaz de reduzir este gasto em até 30 por
cento.
A identificação de uma bactéria
eficiente para fixar o nitrogênio do ar no arroz foi realizada
pelos pesquisadores em 1990. Desde então, a pesquisa estuda a
interação entre a planta e alguns gêneros de bactérias
diazotróficas (que fixa nitrogênio). Os resultados mostram que
dentre elas, algumas estirpes de Herbaspirillum seropedicae
são mais eficientes e podem aumentar em até de 30 por cento a
produção de grãos. Além disso, os estudos revelaram que a
aplicação deste microrganismo resulta também num grão mais
protéico.
De acordo com a pesquisadora
Vera Baldani, a expectativa inicial era de lançar o inoculante
com esta bactéria em 2000. No entanto, com o aumento do
conhecimento, os cientistas resolveram fazer mais testes. Além
dos experimentos em casa de vegetação e na área experimental da
Embrapa Agrobiologia, em Seropédica, hoje os pesquisadores
realizam testes em várias regiões do Brasil para verificar a
eficiência agronômica desta bactéria na cultura do arroz.
"Já existem empresas de
inoculante interessadas nesta tecnologia, mas como tivemos
variações nos dados, decidimos esperar mais", afirma a
pesquisadora.
Economia para o país
O Brasil tem hoje 4,9 milhões
de hectares plantados com arroz. O gasto com fertilizante
nitrogenado chega a 882 milhões de reais. A tecnologia que está
sendo desenvolvida pela Embrapa Agrobiologia pode reduzir este
custo em cerca de 264 milhões.
O maior exemplo de aplicação de
inoculante feito com bactérias fixadoras de nitrogênio em
produção de grãos é a soja. Neste caso, a tecnologia possibilita
ao país uma economia de 3 bilhões de dólares.