Brasil
March 3, 2005
A
ferrugem asiática da soja, a doença mais recente da cultura
identificada no Brasil e uma das mais temíveis, acaba de ter sua
ocorrência identificada em lavouras da Zona Sul do Rio Grande do
Sul, mais especialmente nos municípios de Pelotas, Arroio Grande
e Jaguarão. O anúncio
foi feito na quinta-feira, dia 3 de março, pela
Embrapa Clima Temperado,
vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. A identificação havia sido feita preliminarmente
por pesquisadores da unidade no final de fevereiro último. Em
abril de 2003, a mesma equipe de técnicos há havia constatado
indícios da doença, na fase final da colheita da safra anterior,
o que não chegou a causar impacto negativo sobre a produção de
grãos.
A ferrugem asiática é causada
pelo fungo Phakopsora pachirhizi, cuja presença existia apenas
na Ásia e Austrália e, em menor grau, na África. Na América, sua
presença foi identificada em 2001, no Paraguai e no Brasil.
Naquele ano, haviam sido afetados os Estados do Paraná, São
Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso. Em 2002, a
doença foi constatada em algumas lavouras do norte do Rio Grande
do Sul. Em caráter oficial, a doença não havia ainda chegado com
potencial de dano à parte mais meridional do País, o que só
agora é identificado e anunciado pela Embrapa de Pelotas.
Não existem ainda cultivares
tolerantes à doença disponíveis. As características da ferrugem
asiática são sua rápida evolução e o elevado potencial de dano
que possui. De acordo com o grupo de pesquisa em soja da Embrapa
Clima Temperado, os produtores agora precisam ter redobrada
atenção. É necessária a inspeção freqüente na lavoura. A doença
deve ser controlado pela aplicação de fungicidas que sejam
comprovadamente eficientes. Uma vez identificado o problema, o
uso de fungicida deve ser imediato.
A aplicação preventiva só deve
ser realizada quando as condições climáticas forem favoráveis
para a instalação e desenvolvimento do fungo. A doença se
instala e rapidamente toma conta da lavoura quando há a
ocorrência de períodos prolongados de molhamento foliar (10 a 12
horas) e de temperatura média do ar abaixo de 28 graus
centígrados. Tais condições são verificadas com freqüência na
região Sul do Estado, o que reforça a necessidade de precaução.
Os sintomas da ferrugem
asiática são a ocorrência de pontuações nas folhas, inicialmente
de cor verde-acinzentada, passando depois para castanho-clara e
castanho-escura. Estas manchas possuem um ponto central elevado,
que constitui a estrutura de frutificação do fungo (urédia),
onde são formados e liberados os uredosporos, os quais irão
disseminar a doença, principalmente pela ação do vento. As
folhas infectadas amarelam, secam e caem, sendo que quanto mais
cedo isto ocorrer, maior será o prejuízo à produção.
Como os sintomas da ferrugem
asiática da soja podem ser confundidos com os de outras doenças
da cultura, os produtores devem recorrer a técnicos
especializados, para a confirmação da ocorrência. Na Embrapa
Clima Temperado, as observações sobre a doença estão sendo
coordenadas pela pesquisadora Nely Brancão. |