Brazil
July 27, 2005
Até o final de 2005, o cultivo da pimenta
malagueta (Capsicum frutescens) terá um sistema de produção
definido para as condições do Ceará. Esse foi um dos resultados
da reunião técnica realizada na Embrapa Agroindústria Tropical
(Fortaleza - CE), Unidade da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O encontro
teve como foco o agronegócio pimenta e foi coordenado pelo
pesquisador João Ribeiro Crisóstomo, com a participação de
produtores, técnicos e extensionistas, além de instituições e
empresas que desenvolvem pesquisas e projetos na área.
João Crisóstomo destaca que a reunião também proporcionou
avanços com relação ao emprego de defensivos agrícolas na
cultura. "Até então, o sistema de produção utilizava alguns
defensivos não-seletivos na fase inicial do cultivo, o que
poderia eliminar inimigos naturais de algumas pragas", conta. A
recomendação atual, com base em experimentos conduzidos pelos
entomologistas do projeto de aperfeiçoamento do sistema de
produção e processamento de pimenta, é que o emprego de produtos
não-seletivos seja feito somente na fase final do ciclo de
cultivo.
Outra conquista apresentada durante a reunião foi a obtenção de
três sub-populações superiores à população original da cultivar
Tabasco MacLlhenny, em 15% quanto à produtividade e a 25% quanto
ao teor de capsaicina (teor de picância), como resultado do
sub-projeto de melhoramento genético de pimenta desenvolvido
pela Embrapa Agroindústria Tropical, em parceria com a
Agropecuária Avaí e apoio financeiro do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Banco do
Nordeste.
O encontro também permitiu determinar a necessidade hídrica para
o cultivo nas condições do Ceará. O resultado, segundo João
Crisóstomo, é a possibilidade de se reduzir custos, não só
quanto à aplicação de água, mas também ao uso de fertilizantes e
de energia.
O pesquisador aponta como um dos pontos altos da reunião a
oportunidade de produtores e técnicos envolvidos com a cultura
da pimenta nas três regiões produtoras do Ceará (Vale do
Jaguaribe, Vale do Curu e Vale do Acaraú) trocar informações e
experiências com relação aos demais aspectos do cultivo que não
foram objeto de pesquisa. Tanto os resultados de pesquisa quanto
o intercâmbio entre os produtores e técnicos deverão ser
incorporados ao novo sistema de produção.
Ao final do encontro, foi realizado um painel sobre a situação
atual e as perspectivas do agronegócio pimenta no Ceará. Segundo
João Crisóstomo, as exportações de pimenta diminuíram cerca de
50% em 2004, em comparação com 2003. "Além disso, a redução do
câmbio e a majoração no preço dos insumos, implicou em menor
receita para os produtores", observa.
O pesquisador conclui que o agronegócio pimenta está passando
por uma fase de ajustes "que exige, cada vez mais, redução de
custos, maior tecnificação e busca de novos mercados".
A Embrapa Agroindústria Tropical desenvolve pesquisas com
pimenta há quatro anos nas áreas de melhoramento genético,
irrigação, processamento, manejo e controle de pragas, com apoio
financeiro do CNPq e do Banco do Nordeste. O Ceará é um dos
maiores produtores no país de polpa de pimenta para o mercado
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