O ministro da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Roberto Rodrigues, anunciou no dia 20 mudanças na
diretoria da Embrapa. Silvio Crestana assume a presidência da
instituição em substituição a Clayton Campanhola, atual
presidente.
A troca no comando da Embrapa é parte da
reestruturação administrativa do Ministério da Agricultura e não
representa qualquer mudança estratégica na gestão dos projetos
desenvolvidos pela instituição ou na sua linha de atuação. O que
se pretende é reforçar e retomar o papel histórico da Embrapa na
área de planejamento de ações para a inclusão social do
agronegócio.
Silvio Crestana é físico, com doutorado
em Ciências, pela USP (Universidade de São Paulo), e está na
Embrapa desde 1984, onde foi fundador do Centro Nacional de
Pesquisa e Desenvolvimento de Instrumentação Agropecuária.
O ministro Roberto Rodrigues convidou
Clayton Campanhola para dirigir o Pólo de Biocombustíveis de
Piracicaba. Os nomes da nova diretoria da Embrapa ainda serão
escolhidos e divulgados posteriormente.
January 20, 2005
O novo presidente da
Embrapa (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Silvio Crestana, indicado
hoje (20/01) pelo ministro da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Roberto Rodrigues, para assumir o cargo em
substituição a Clayton Campanhola, deve dar prosseguimento às
ações estratégicas da instituição. Segundo ele, a Embrapa é uma
instituição de pesquisa e tecnologia, por isso, deve "ser
mantida a coerência".
A intenção com a mudança no
comando da empresa é reforçar e retomar o papel histórico da
Embrapa na área de planejamento de ações para a inclusão social
do agronegócio. De acordo com Crestana, o principal ativo da
Embrapa, que é o quadro de funcionários, deve ser mobilizado e
estimulado. "Mobilizar competência e inteligência. O insumo
principal da Embrapa é a questão intelectual, que precisa ser
entusiasmada, mobilizada", afirmou.
Crestana nasceu em 1954, na
Fazenda Santa Clara, em São Carlos (SP), e é o filho mais velho
de uma família de nove irmãos. Neto de imigrantes italianos e
filho de um agricultor familiar, Crestana aprendeu a gostar do
mundo da agricultura. Ao se formar em Física, em 1976, pelo
Instituto de Física e Química de São Carlos, da Universidade de
São Paulo (USP), procurou um caminho profissional que unisse a
agricultura com a ciência.
Fez mestrado em Física
Básica, na área de Óptica não-linear, pela USP, em 1983, e
doutorado em Ciências em Física Aplicada a Solos, Física das
Radiações e Teoria da Imagem, em 1985, com parte experimental da
tese realizada nas universidades de Trieste e de Roma, na
Itália.
Em 1989, fez pós-doutorado
em Ciência do Solo e Ciências Ambientais, no Departamento dos
Recursos da Terra, do Ar e da Água da Universidade da
Califórnia, nos Estados Unidos.
Desde 1984 na Embrapa de
São Carlos (SP), Crestana foi um dos fundadores do Centro
Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Instrumentação
Agropecuária. Essa unidade da Embrapa em São Carlos foi criada
pelo então presidente da Embrapa, Eliseu Alves, para otimizar o
uso de equipamentos que estavam subutilizados e para dar
manutenção a outras máquinas.
Em mais de 20 anos de
existência, o Centro desenvolveu diversas tecnologias para
ajudar a ciência agrária. Uma experiência inédita foi a
utilização de tomógrafos para agricultura. O equipamento de
tomografia computadorizada em Ciência do Solo foi desenvolvido
por Crestana, em sua tese de doutorado, e permite a
identificação de problemas no solo ou árvores.
Crestana foi também, no
período de 1988 a 2001, o coordenador, pesquisador e responsável
pela implantação pioneira do Laboratório Virtual da Embrapa no
Exterior (Labex), em Maryland, nos Estados Unidos. A Embrapa
possui outra unidade do Labex na França e tem planos de chegar à
Ásia. Segundo Crestana, o Labex é uma "espécie de radar de alta
tecnologia", porque permite à Embrapa sondar o que está
acontecendo no mundo na área de tecnologia e é um canal para a
cooperação internacional de experiências.
O novo presidente da
Embrapa foi ainda membro associado do ICTP (International Center
for Theoretical Physics), em Trieste, Itália, de 1984 a 1990,
tendo sido selecionado e escolhido pelo Prêmio Nobel, Abdus
Salam, diretor do ICTP.
Ele foi professor e
pesquisador da Fundação Educacional de Barretos (SP), de 1977 a
1984 e, desde 1991, é professor convidado do Programa de
Pós-Graduação em Ciências da Engenharia Ambiental (EESC-USP).