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Ácaro invasor é a nova ameaça à produção brasileira de arroz
Brasil
January 17, 2005

O arroz faz parte da dieta básica do brasileiro e junto com o feijão constitui o"prato nacional" por excelência , incorporado inclusive à nossa linguagem como sinônimo de algo que seja básico:´"... é o arroz com feijão.." Somos o maior produtor de arroz da América latina e do mundo, depois dos países asiáticos.

Em 2004,  um excedente de 100 mil toneladas  na produção de arroz levou o Brasil de volta ao mercado exportador após 27 anos de ausência. Mas antes que nossos produtores pudessem comemorar o fato, um grande balde de água fria em forma de um alerta quarentenário ameaça acabar com a festa.Steneotarsonemus spinki, é  um ácaro  originário provavelmente da Ásia tropical, que  está se aproximando de nossas fronteiras  e provavelmente entrará  em nosso País, já que no ano passado foi detectado na Costa Rica, Nicarágua e Panamá.

Cuba, República Dominicana e Haiti sofreram o ataque  do S. spinki ou ácaro do arroz, com prejuízos que atingiram até 90% de suas respectivas produções na safra de 1998. A introdução da praga nesses países se deu
provavelmente  por meio de sementes  originárias da Ásia(China/ Índia ) onde foram feitos os primeiros registros de sua presença na cultura do arroz, e sua disseminação se dá pelo vento, água, aves, insetos, restos
culturais e intercâmbio de sementes ( na Coréia foi encontrado em casas de vegetação que testavam material genético de arroz)
 
Além do ataque do ácaro à planta sugando sua seiva e debilitando-a, os danos ocorrem também pela injeção de toxinas e porque o S. spinki é disseminador de um complexo de fungos, bactérias e nematóides que se aproveitam da carona dos ácaros para chegar aos tecidos mais susceptíveis das plantas e infectá-las.

As plantas infestadas podem apresentar manchas amarronzadas na parte interna das bainhas, nas folhas, deformação e esterilidade das panículas que (vazias) permanecem eretas denunciando as perdas. O problema é que além de microscópicos e transparentes (a fêmea, que é maior que o macho, mede cerca de 0,3 mm), os ácaros se localizam no interior da bainha das folhas, o que exige uma inspeção bastante minuciosa, inclusive com instrumentos óticos adequados, para fazer a detecção.

Sob controle
Segundo a pesquisadora Denise Návia da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia que esteve em 2004 em Cuba, onde atualmente a infestação do S. spinki  está sob controle, o manejo foi feito, basicamente, com a utilização de variedades resistentes, trato cultural como a padronização do período de plantio (variedades precoces)  e destruição de restos culturais. Também em Costa Rica, de acordo com o engenheiro agrônomo Carlos Sanabria, esses métodos de controle, ao contrário do controle químico,  vêm se mostrando bastante eficientes.

A lavoura arrozeira é praticada em todo o Brasil mas  é mais forte nos estados do Rio Grande do Sul, Norte do Mato Grosso,  Sul de Mato Grosso do Sul, Goiás,  e mais recentemente, Norte do Pará e de Roraima e no Maranhão.  Esses  últimos são justamente os mais vulneráveis, no caso de uma infestação vinda da América  Central por meios naturais.

Diferentemente do que se acreditava (que o arroz - Oryza sativa seria o único hospedeiro do ácaro), na Costa Rica e Panamá ele foi encontrado em uma outra espécie de Oryza invasora  se reproduzindo, o que significa que além do arroz, ele poderá usar outros hospedeiros entre espécies de gramíneas quando não encontrar plantios de arroz.

A situação se complica quando se observa que as condições climáticas da maior parte das nossas áreas produtoras são favoráveis à proliferação do ácaro, podendo se prever danos mais sérios nas regiões Norte e Centro Oeste.

Para quem acaba de voltar ao mercado internacional, a simples constatação da presença de uma praga quarentenária, como é o caso do Steneotarsonemus spinki,  já seria um entrave justificado às exportações, por isso, na  página da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento  na internet  (www.cenargen.embrapa.br),  na seção de publicações, encontra-se disponível para "down load", o número 117 da Série Documentos,  que tem como autores  Renata Santos Mendonça, pesquisadora visitante PROBIO da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia; Denise Návia e Reinaldo Israel Cabrera - pesquisador cubano do Instituto de Investigaciones de Citricos y Frutales La Habana/Cuba e é dedicado ao ácaro, assim como o folder disponível no mesmo endereço, na Sanivege (Rede de Pesquisa em Sanidade Vegetal).


Paulo Euler (MTb 00104-DF)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

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