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Tecnologia: a chave do cofre na triticultura
Brasil
February 11, 2005

Apesar da boa qualidade do trigo na última safra, a colheita não se refletiu em preços no mercado. Embora a crise na triticultura pareça generalizada, alguns produtores gaúchos estão mostrando que ainda é possível lucrar com o trigo. Tecnologia e gerenciamento são as garantias do negócio.

Nos últimos anos, a produtividade de trigo das lavouras na Região Sul do Brasil manteve a média de 2 mil kg/ha (cerca de 33 sc/ha).  O rendimento dessas lavouras representa, em preços médios de dezembro, do período de 1999-2003  no Rio Grande do Sul, segundo a Emater/RS (R$22,50 sc. 60kg), cerca de R$ 750,00 por hectare. Considerando o custo variável da lavoura estimado em R$ 744,00/ha e os custos totais em R$1.100,00/ha é possível entender porque a triticultura está em crise.

Segundo a pesquisadora da Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS), Cláudia De Mori, especializada em economia agrícola, a saída para aliviar a pressão de baixa sobre os preços na safra 2003 foram as exportações (1,37 milhões de  toneladas foram exportadas), uma vez que existia um cenário de queda de produção em alguns países e de preços internacionais elevados. Contudo, neste momento, ocorre a recuperação da produção mundial (em torno de 610 milhões de toneladas) e os preços no mercado internacional estão em baixa: “Em Chicago, o trigo, em dezembro, apresentou a cotação mais baixa dos últimos 18 meses, chegando a 110 dólares a tonelada. Em 2003, nesta época o preço estava em US$140,00.”, avalia a pesquisadora.

Para contornar o problema, o produtor gaúcho está investindo em tecnologia capaz de aumentar a produtividade e reduzir os custos. Entre as alternativas estão as novas cultivares de trigo disponíveis no mercado, cujo potencial de rendimento ultrapassa os 4 mil kg/ha. “O aumento da produtividade reduz os custos por unidade de produção e garante  a lucratividade da lavoura”, argumenta Cláudia De Mori.

 Desta forma, segundo a pesquisadora, a escolha de variedades mais resistentes a doenças que incidem na região e de alto potencial produtivo, na avaliação do nível de tecnologia versus custo de produção, são aspectos importantes para garantir a sustentabilidade da lavoura. Além disso, é importante lembrar dos benefícios indiretos do trigo nas lavouras de verão (aumento de produção, melhor distribuição de adubação, acúmulo de matéria orgânica e reciclagem de nutrientes) e no rateio dos custos fixos, considerando dois plantios no ano.   

Produtor marca recorde de 86 sacas por hectare

O Planalto Superior Gaúcho é reconhecido como a melhor região para o plantio do trigo no sistema de sequeiro no Brasil, geralmente apresentando os maiores rendimentos do país. Contudo, na última safra a produtividade máxima em lavouras comerciais – registrada em 65 a 70 sacos por hectare nos últimos anos – atingiu o recorde de 86 sc/ha (5.160 kg/ha) na safra 2003.

O trigo semente básica foi colhido em Vacaria, RS, numa área de 26 hectares plantados com a cultivar BRS Louro. Considerando o investimento em sementes certificadas, adubação e tratamentos fitossanitários, o administrador da fazenda, Franco Stédile, garante que o custo total não passou de R$ 900,00/ha. A produtividade também foi alta em outras cultivares, como BRS Camboatá, Pampeano e  BRS Angico, com aproximadamente, 70 sc/ha. Em meio as oito diferentes cultivares plantadas em 2.300 hectares, a média geral do trigo na fazenda foi de 63 sc/ha. “Se o produtor não aplicar parte dos lucros em tecnologia, certamente vai entrar em crise”, sentencia Franco Stédile.

Para o pesquisador da Embrapa Trigo,Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Pedro Sheeren, o Rio Grande do Sul pode aumentar a média de produtividade para próximo de 3 mil kg/ha (50 sc/ha), ou seja, 17 sacas a mais do que a média atual, volume que pode representar, no mínimo, R$ 300,00/ha de lucro ao produtor. “A tecnologia não está apenas na semente, na quatidade de adubo, no fungicida. A produtividade é resultado de uma série de fatores que, excluindo os elementos climáticos, podem ser administrados de maneira racional pelo produtor, como análise de solo, avaliação da época de semeadura ou precisão nos tratamentos fitossanitários.

Basta seguir as práticas recomendadas pela pesquisa para chegar a bons rendimentos e aumentar a competitividade do nosso trigo no mercado mundial”, conclui Scheeren, lembrando que as orientações para uma boa produção estão no documento Indicações Técnicas da Comissão Sul-Brasileira de Pesquisa de Trigo 2003, disponível no site da Embrapa Trigo: www.cnpt.embrapa.br.

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