Brazil
August 22, 2005
No dia 23 de agosto,
a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) entrega sementes de
milho para mais um povo indígena. Dessa vez, os beneficiados são
os maxacalis, que habitam a região do Vale do Mucuri mineiro, na
divisa com o estado da Bahia.
As aldeias de Pradinho (município de Bertópolis) e Água Boa
(município de Santa Helena de Minas) serão os locais da entrega,
que tem à frente os pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo (Sete
Lagoas - MG) Ramiro Vilela de Andrade e Flava França Teixeira.
A Embrapa vem resgatando cultivares de milho indígena para povos
que, com o tempo, perderam sua variedades. Os krahós, os
xavantes e os bororos já foram beneficiados por esse trabalho.
Através desse resgate, a Empresa demonstra sua preocupação de
integrar grupos que normalmente estariam à margem do progresso
científico.
As sementes a serem entregues aos maxacalis são do milho
manchetado. Ao todo, cerca de 370 kg serão disponibilizados aos
indígenas. O trabalho com os maxacalis começou há dois anos,
quando houve uma visita e reuniões em que foram discutidas
formas de dar melhores condições de vida a esse povo. Entre as
instituições participantes das discussões, estava a Embrapa, que
já vinha trabalhando com o resgate de variedades de milho para
povos indígenas.
O milho manchetado, que tem uma produtividade muito boa, não é
exatamente a variedade típica dos maxacalis, mas se adaptou bem
à região onde ele vivem. A Embrapa enviou anteriormente algumas
espigas às aldeias e, segundo a Funai, a receptividade foi muito
boa.
Os índios menores não conheciam o milho, já que há muitos anos
essa cultura deixou de ser cultivada na região. A multiplicação
das sementes do milho manchetado foi feita no campo experimental
da Embrapa Milho e Sorgo em Nova Porteirinha, norte de Minas,
que tem condições de solo e clima muito parecidas com as da
região dos maxacalis.
Para o pesquisador Ramiro, o trabalho com os indígenas vale a
pena. Segundo ele, há previsão de resgatar outras variedades. Os
índios macurapes, pataxós e caingangues são alguns que devem se
beneficiar desse trabalho da Embrapa, que tem forte cunho
social. Uma demonstração de que esse trabalho tem tido sucesso é
que os xavantes, que receberam há dois anos sementes do Nodzob,
estão plantando o milho e interessados na preservação dessa
variedade típica.
O resgate de variedades de milho indígena é um trabalho que
começa no BAG (Banco Ativo de Germoplasma) da Embrapa. É feita
uma consulta entre os milhares de acessos existentes no banco e,
caso exista a cultivar procurada, ela á reproduzida em campo. É
também a partir do BAG que se iniciam as pesquisas com
melhoramento genético na Embrapa Milho e Sorgo. |