Brazil
August 18, 2005
Os
produtos usados no controle químico da ferrugem asiática podem
estar afetando as populações do fungo Nomurea riley, que é
benéfico para a cultura da soja, pois atua no controle biológico
de várias lagartas. A constatação foi feita em experimentos
conduzidos durante dois anos pelo pesquisador, Daniel Sosa-Gomez
da Embrapa Soja (Londrina – PR) Unidade da
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e que está sendo
apresentada durante a 27ª Reunião de Pesquisa de Soja da Região
Central do Brasil, em Cornélio Procópio, PR.
“Dentro do grupo de fungicidas usados atualmente no combate à
ferrugem, há poucos que são seletivos. A maioria pode estar
afetando inimigos naturais, como o fungo Nomuraea, que é um
inimigo natural de algumas lagartas, como a da soja, a falsa
medideira, a do cartucho do milho e da maçã do algodoeiro”,
explica Sosa-Gomez. Os experimentos conduzidos pela Embrapa Soja
mostraram que nas áreas onde fungicidas não seletivos foram
aplicados há um aumento da população de lagartas.
Esse efeito torna-se mais importante quando a aplicação do
fungicida é feita cerca de 40 a 45 dias após a germinação, que é
o período onde o fungo Nomuarea inicia o processo de infecção no
campo. “Nessa fase, a soja começa a fechar e as condições de
umidade e de temperatura facilitam a multiplicação do fungo”,
detalha o pesquisador.
Essa constatação serve de alerta principalmente a técnicos e
produtores que têm optado pela aplicação dos produtos sem a
constatação da presença da ferrugem na área. “Muitas vezes, a
aplicação é desperdiçada porque não há a verificação de que a
doença realmente está a campo. Além de ter um custo de produção
mais alto, com as aplicações, o produtor pode estar prejudicando
também os inimigos naturais”, alerta Sosa-Gomez. |