Brasília,
Brasil
September 28, 2004
Nelson
Motta
Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou que não irá
editar Medida Provisória dos Transgênicos. A informação foi dada
pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ao sair da
audiência com o presidente, no Palácio do Planalto, para tratar
do assunto. "A decisão do presidente é de que vamos trabalhar
com a perspectiva de que o Congresso aprove um projeto de lei",
afirmou a ministra.
Segunda Marina Silva, a ausência de uma lei faz com que o Estado
fique o tempo todo operando em ações conjunturais e
emergenciais. "Nós queremos um processo que seja estruturante",
ressaltou.
A ministra informou que vai trabalhar junto ao Congresso
Nacional, no sentido de apoiar o texto que foi aprovado na
Câmara dos Deputados. Segundo ela, o texto viabiliza um marco
legal adequado para a questão dos organismos geneticamente
modificados.
Ao ser indagada se não vai haver um confronto de idéias entre
ela e o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que é a
favor de uma MP, Marina Silva disse que isso não acontecerá. "De
jeito nenhum, até porque o texto que foi aprovado na Câmara dos
Deputados contou o apoio do ministro Rodrigues e do ministro
Aldo Rebello", lembrou.
Segundo a ministra do Meio Ambiente, o governo mandou o Projeto
da Lei de Biossegurança a tempo ao Congresso Nacional, depois de
um debate que envolveu 11 ministérios, o que para ela garante
uma apreciação logo após as eleições. "Eu tenho a absoluta
certeza de que o Congresso vai retomar os trabalhos após o dia 4
e em caráter de urgência estará apreciando a matéria em
tramitação", disse.
Brasília, Brasil
September 26, 2004
Agência Brasil
Lula
Between Greens and Farmers on GMC
Movements grounded in civil
society raised their voices last week against the possibility of
a new provisional executive decree (Medida Provisória - MP)
authorizing the cultivation and commercialization of transgenic
products in Brazil.
Last September 22, members of
Greenpeace held a protest demonstration in front of the Planalto
Palace, in Brasília, to deter publication of the measure.
Brazilian groups belonging to
social movements also sent a letter last week to President Luiz
Inácio Lula da Silva criticizing the authorizing of genetically
modified crops, also known as GMC, without any prior study of
environmental impact or health risks to consumers.
In the letter, representatives of
11 groups, including the Landless Rural Workers Movement (MST)
and the Brazilian Consumer Protection Institute (Idec), talked
about their frustration.
Publication of the decree,
according to them, would induce "profound frustration with the
government [on the part of] individuals in Brazil and abroad who
applauded the appointment of Environment Minister Marina Silva
as an assurance that the questions of the environment and
sustainable development would be taken up by the Brazilian
government."
In 2003, under the imminent
pressure of the start of the planting season, the government
issued an MP authorizing the cultivation and commercialization
of transgenic soybeans throughout the country.
Immediately thereafter, in
December, it sent the National Congress its proposal for a
Biosecurity Law to regulate research on genetically modified
organisms. The project was approved by the Chamber of Deputies
in February, 2004.
In the Senate, where the bill
awaits a floor vote, amendments were introduced which, according
to the social movements, alter the essence of the government's
original proposal.
The movements demand, for example,
that the provision for labeling products containing transgenics
be reinstated in the project.
It is now up to the government to
judge what is the best solution for farmers who are awaiting
authorization to plant transgenic soybeans in the beginning of
October.
President Lula would be meeting in
the coming days, in the Planalto Palace with the Minister of
Political Coordination, Aloízio Mercadante to decide whether or
not to issue an MP authorizing cultivation of the product in the
country.
Translator:
David Silberstein
Brasília,
Brasil
September 26, 2004
Transgênicos: movimentos sociais
protestaram contra a possibilidade de nova medida provisória
Ana
Paula Marra
Agência Brasil
Brasília – Movimentos ligados à sociedade civil protestaram
durante toda a semana contra a possibilidade de nova medida
provisória (MP) que libere o plantio e a comercialização de
produtos transgênicos no país. Na última quarta-feira,
integrantes do Greenpeace fizeram uma manifestação em frente ao
Palácio do Planalto para evitar a publicação da MP. Também esta
semana, grupos pertencentes a movimentos sociais enviaram uma
carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticando a
liberação dos produtos geneticamente modificados sem qualquer
estudo prévio de impacto ambiental e de risco para a saúde dos
consumidores.
Na carta, representantes de 11 grupos, como Movimento dos
Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e Instituto Brasileiro de
Defesa do Consumidor (Idec), chegam a dizer que a edição de uma
MP colocará “em posição de profunda frustração com o governo os
que, no Brasil e no exterior, aplaudiram a nomeação da ministra
Marina Silva (Meio Ambiente) como uma garantia de que as
questões ambientais e da sustentabilidade do desenvolvimento
seriam assumidas por um governo brasileiro”.
O pedido deles é para que o governo recupere a essência do
projeto de Lei de Biossegurança e exija a implementação da
rotulagem nos produtos transgênicos. Segundo a nota, “os
representantes do governo aprovaram nas comissões do Senado um
substitutivo que contraria totalmente o projeto de lei enviado
pelo Executivo”.
Em 2003, o governo editou uma MP que autoriza a comercialização
e produção da soja transgênica em todo o país. Em seguida,
encaminhou ao Congresso Nacional, em dezembro do ano passado, o
projeto de Lei de Biossegurança, que regulamenta a pesquisa de
organismos geneticamente modificados. Este projeto foi aprovado
pela Câmara em fevereiro último e atualmente encontra-se no
Senado. Na última semana, o Senado adiou para o dia 5 de outubro
a votação deste projeto, por falta de quorum.
Cabe agora ao governo avaliar qual será a melhor solução para os
agricultores que aguardam autorização para o plantio de soja
transgênica no início de outubro. Na próxima terça ou
quarta-feira, Lula se reúne, no Palácio do Planalto, com o
ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, e o líder do
governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), para decidir se
edita uma medida provisória liberando o plantio do produto no
país.
Leia a íntegra da carta:
Exmo. Sr. Presidente da República,
As entidades e movimentos abaixo assinados assistiram
estarrecidos às negociações ocorridas no Senado Federal entre o
Ministro Aldo Rebelo e o líder do governo, senador Aloízio
Mercadante, e as bancadas da base e da oposição para votar o
projeto de lei de Biossegurança enviado por V.Ex.a e aprovado,
na sua essência, pela Câmara de Deputados.
Apesar da manifesta oposição da Ministra Marina Silva e da
sociedade civil organizada, os representantes do governo fizeram
aprovar nas comissões do Senado um substitutivo que contraria
totalmente o projeto de lei enviado por V.Ex.a, e que viola de
forma flagrante vários preceitos constitucionais. É
imprescindível que os Estados da Federação tenham o direito e a
autonomia para estabelecer suas próprias legislações sobre os
organismos transgênicos, assim como já o fizeram Paraná, Pará,
Santa Catarina, Goiás e Rio de Janeiro.
Mais chocados ainda ficaram as signatárias com a notícia
veiculada pela imprensa que V.Ex.a prepara-se para enviar ao
Congresso uma Medida Provisória incorporando este mesmo
substitutivo inconstitucional e oposto ao projeto que V.Ex.a
assinou, sem dar margem à Câmara de Deputados de corrigir as
modificações introduzidas pelo Senado no PL de sua autoria e que
o desfiguraram totalmente.
A proposta aprovada nas Comissões do Senado e que V.Ex.a
prepara-se para introduzir em uma MP viola o Princípio da
Precaução da Convenção da Biodiversidade, convenção assinada
pelo Brasil. Ela prefigura a liberação dos transgênicos sem
qualquer estudo prévio de impacto ambiental e de risco para a
saúde dos consumidores sem que tais produtos tragam qualquer
benefício para os produtores e exportadores brasileiros.
V.Ex.a aceitou, sem ouvir opiniões contraditórias, a propaganda
pró transgênicos de alguns cientistas da Embrapa, das empresas
multinacionais de biotecnologia e dos produtores de soja do Rio
Grande do Sul, estes últimos iludidos por resultados aparentes e
de curto prazo.
Esperamos ainda que V.Ex.a não amplie a liberação indiscriminada
dos transgênicos por medida provisória e que o governo recupere
a coerência, defendendo o PL apresentado por V.Ex.a à Câmara de
Deputados e garantindo a segurança ambiental, dos consumidores e
a soberania nacional, feridas de morte pelo substitutivo
mencionado. Neste sentido, exigimos que a rotulagem dos produtos
transgênicos seja de fato implementada.
As espantosas incorreções e equívocos do governo de V.Ex.a neste
tema colocam a sociedade civil organizada em posição de profunda
frustração com o seu governo e desiludem os que, no Brasil e no
exterior, aplaudiram a nomeação da Ministra Marina Silva como
uma garantia de que, finalmente, as questões ambientais e da
sustentabilidade do desenvolvimento seriam assumidas por um
governo brasileiro.
Ainda com últimas esperanças,
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC)
Fórum Nacional das Entidades Civis de Defesa do Consumidor
(FNECDC)
Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa
(AS-PTA)
Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc)
Centro de Pesquisa e Assessoria (Esplar)
Rede Ecovida de Agroecologia
ActionAid Brasil
Movimento dos pequenos agricultores (MPA)
Movimento das Mulheres camponesas (MMC)
Movimento dos atingidos por Barragens (MAB) |