Curitiba,
Brazil
September 23, 2004
Lúcia
Nórcio
Repórter da Agência
Brasil
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, manifestou-se, ontem
em Curitiba, contra o plantio da soja transgênica de forma
irregular e sem a definição do Congresso Nacional sobre a Lei de
Biossegurança. Durante encontro com o governador Roberto
Requião, a ministra afirmou que a pesquisa brasileira sobre a
soja convencional não pode ser desprezada diante de uma suposta
vantagem econômica. "O plantio da soja contrabandeada da
Argentina cria uma situação que não é a melhor para o país. O
acúmulo de pesquisa que o país tem em relação à soja
convencional não pode ser preterido em função de qualquer
investimento ou oportunidade", ressaltou.
Marina considerou o esforço do governo para manter o Paraná como
área livre de transgênicos merecedor da inclusão na Lei de
Biossegurança. "Considero legítimo o posicionamento do
governador Requião, porque está baseado em oportunidades de
mercado e na tendência dos consumidores que, cada vez mais,
querem produtos com benefícios garantidos – tanto no aspecto
relacionado à saúde quanto ao meio ambiente. Este pleito tem que
ser acolhido no marco legal que está se estabelecendo",
acrescentou.
Além do fator econômico, a ministra lembrou o princípio da
precaução que o país se comprometeu a respeitar em tratados
internacionais. "Procuramos criar um processo virtuoso que
salvaguarde os compromissos internacionais que o Brasil assumiu,
quando ratificou a convenção da biodiversidade – o Protocolo de
Cartagena – e quando sinalizou, em seu projeto, que estaria
defendendo os interesses dos pesquisadores, dos consumidores e
dos produtores mediante o princípio da precaução", afirmou.
Marina Silva explicou que existem duas tendências para a
aprovação da Lei de Biossegurança: uma representada pela
aprovação, na Câmara dos Deputados, do substitutivo que está de
acordo com a proposta do Ministério do Meio Ambiente; outra
representada pelas comissões técnicas do Senado, que ainda não
apresentaram parecer.
A ministra disse que o Paraná está em consonância com o governo
federal na elaboração de políticas ambientais. "A construção de
corredores de biodiversidade, a recuperação da mata ciliar, o
fim dos lixões e outras ações que estão acontecendo no Paraná
têm o apoio do Ministério do Meio Ambiente, que também incentiva
programas como estes em outros estados".
A ministra participou do lançamento do Programa de Proteção aos
Remanescentes de Araucária, uma das ações conjuntas entre os
governos estadual e federal para tentar reverter o quadro de
degradação no Paraná. Durante o lançamento do programa, foi
assinada portaria instituindo Câmara Técnica para desenvolver
ações voltadas à proteção, conservação e recuperação da Floresta
Ombrófila Mista (Araucária). A Câmara Técnica será integrada por
representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Ministério do Meio
Ambiente, Secretaria do Meio Ambiente, Instituto Ambiental do
Paraná (IAP), Ministério Público e organizações
não-governamentais (ONGs).
Silva: Brazilian research on conventional soybeans cannot be
written off
Yesterday
(23), in Curitiba, the Minister of Environment, Marina Silva,
voiced her opposition to the irregular cultivation of transgenic
soybeans, before the National Congress has defined its position
on the Biosecurity Law. During a meeting with Governor Roberto
Requião, the Minister asserted that Brazilian research on
conventional soybeans should not be disregarded, just because of
a presumed economic advantage. "The cultivation of soybeans
smuggled from Argentina creates a situation that isn't the best
one for the country. The storehouse of research the country
possesses on conventional soybeans cannot be overlooked in
consequence of just any investment or opportunity," she
observed.
Silva judged the government's effort to maintain Paraná as a
transgenic-free zone deserving of inclusion in the Biosecurity
Law. "I consider Governor Requião's position a legitimate one,
because it is based on market opportunities and the growing
tendency among consumers to desire products with guaranteed
benefits - in terms of both health and the environment. This
effort must be recognized in the legal norm that is being
established," she went on to say.
In addition to the economic factor, the Minister recalled the
principle of caution that the country promised to respect in
international treaties. "We are trying to implant a virtuous
process that safeguards the international commitments that
Brazil assumed when it ratified the biodiversity convention -
the Cartagena Protocol - and when it signaled in its bill that
it would be defending the interests of researchers, consumers,
and producers, through the principle of caution," she affirmed.
Silva explained that there are two tendencies when it comes to
approval of the Biosecurity Law. One is the approval of the
substitute bill in the Chamber of Deputies, in accordance with
the Ministry of Environment's proposal. The other is represented
by the Senate technical commissions, which have yet to issue an
opinion.
The Minister said that Paraná is in harmony with the federal
government in the formulation of environmental policies. "The
construction of biodiversity corridors, the restoration of
riverbank/streambank woods, the elimination of trash dumps, and
other activities that are going on in Paraná have the support of
the Ministry of Environment, which is also providing incentives
to similar programs in other states."
The Minister was in Paraná for the inauguration of the Program
to Protect Remnants of Araucaria, one of the joint state/federal
programs to try to revert the degraded condition of Parana's
conifer forests.
Agência Brasil
Reporter: Lúcia Nórcio
Translator: David Silberstein |