Brasília, Brasil
October 6, 2004
Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência
Brasil
O plenário do Senado aprovou há pouco por 53 votos favoráveis,
dois contrários e três abstenções a lei de Biossegurança. Em
meio a muita discussão, os senadores chegaram a um consenso para
aprovar a matéria em votação nominal, na qual cada parlamentar
se dispõe a revelar se votou contra ou a favor da matéria.
Os senadores discutiram a proposta por mais de quatro horas. A
Lei de Biossegurança tramita há oito meses no Senado e já foi
aprovada pela Câmara dos Deputados. Como o texto foi modificado
pelos senadores, a matéria ainda vai ter que retornar à Câmara
para ser votada em segundo turno.
A lei regulamenta o plantio e a comercialização de sementes
transgênicas no país. Para evitar a edição de Medida Provisória
(MP) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva liberando o
plantio, a matéria tem que ser aprovada até o final do mês pelos
deputados. Este é o prazo para o início da plantação de soja no
país.
A lei de Biossegurança também autoriza a realização de pesquisas
com células-tronco embrionárias por institutos de pesquisa. O
texto aprovado prevê, entretanto, que os embriões devem estar
congelados até o dia da publicação da lei e devem ter, no
mínimo, três anos de estocagem.
Mercadante diz
que agora Lula tem amparo para editar MP dos Transgênicos
Gabriela Guerreiro e Marcos Chagas
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Com a aprovação da Lei de Biossegurança pelo Senado
Federal, o governo poderá agora editar Medida Provisória
disciplinando a produção e comercialização de produtos
transgênicos no país. “O governo agora tem o amparo
institucional para tomar a decisão”, disse o líder do Governo no
senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Por causa das mudanças feitas no Senado no texto do projeto
aprovado na Câmara, a matéria volta à Casa de origem para uma
nova votação. Como 18 Medidas Provisórias trancam a pauta de
votações da Câmara, e os parlamentares estão envolvidos nas
campanhas do segundo turno das eleições para prefeituras, o
líder acha “difícil” que a proposta seja aprovada até o início
do plantio de soja. “Acho difícil a aprovação do projeto pela
Câmara, dado ao calendário do segundo turno e à necessidade de
votar as Medidas Provisórias que trancam a pauta”, disse.
O relator da Lei de Biossegurança no Senado, Ney Suassuna
(PMDB-PB), também disse que agora o presidente Lula está
“tranqüilo” para editar a MP. “O presidente agora tem votado na
Câmara sim e no Senado sim. Logo, ele está muito tranqüilo para
fazer uma medida provisória. Embora eu seja contra a MP, eu acho
que nesse caso tem a urgência, tem todas as condições para ser
aprovada”, disse.
Na opinião da líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), a
decisão sobre a MP é exclusiva do presidente da República. “Vai
depender do ritmo de votação da Câmara. A MP é deliberação
exclusiva do presidente da República. Vamos ter dificuldades de
votar todas as MPs para votar a Lei de Biossegurança. O
presidente vai ter que avaliar”.
Agricultor
gaúcho quer garantia legal para plantio de soja transgênica
Shirley
Prestes
Repórter da Agência Brasil
Porto Alegre
- O presidente da Federação da Agricultura no Rio Grande do Sul
(Farsul), Carlos Sperotto, defendeu hoje a inclusão, em uma das
medidas provisórias que encabeçam a lista de votação na Câmara
Federal, de um artigo prorrogando os prazos da lei que garantiu
a safra passada.
“Se não for isso, o presidente Lula terá de emitir uma medida
provisória. Não tem jeito”, disse Sperotto, ao comentar a
votação no Senado, da Lei de Biossegurança, que legaliza o
plantio de soja geneticamente modificada e regulamenta as
pesquisas com células-tronco de embriões humanos. “É o único
caminho que restou. O presidente Lula já fez por duas vezes, e
bem feito”, ressaltou.
Falando em nome de 100 mil pequenos produtores gaúchos que
cultivam soja transgênica, o presidente da Federação dos
Trabalhadores na Agricultura gaúcha (Fetag), Ezídio Pinheiro,
reiterou a necessidade de uma MP regulando o plantio.
O presidente da Federação das Cooperativas de Agronegócio do
Estado (Fecoagro), Rui Polidoro Pinto, disse que espera uma
decisão rápida para que o produtor tenha certeza de que os
financiamentos bancários estarão cobertos. Ele lembrou que o
agricultor está tomando recursos e comprometendo-se, com isso, a
plantar na legalidade.
O Rio Grande do Sul já iniciou o plantio de aproximadamente 4.1
milhões de hectares de soja da safra 2004/2005. Desse total, uma
média de 90% seria estão usando sementes modificadas. A produção
está estimada em cerca de 8 milhões de toneladas. |