Brazil
November 10, 2004
Alfa
São Francisco, a nova variedade de cebola lançada pela Embrapa,
durante Feira Nacional da Irrigação,
é recomendada para as condições de clima quente e chuvoso
(verão), que marcam os meses finais e iniciais do ano nas
principais áreas de produção da hortaliça no Nordeste. O negócio
da cebola na região se ressentia de uma variedade com tais
características. Nessa época, as produtividade alcançada pelos
produtores sempre foram as menores do ano, afirma o pesquisador
Carlos Antônio Fernandes Santos, da equipe responsável pela
pesquisa que gerou a nova Alfa.
As temperaturas
altas registradas no segundo semestre do ano sempre foram uma
limitação ao bom desempenho dos plantios. Nesse período, as
baixas produtividades resultam em perda de competitividade desse
segmento agrícola que tem grande importância econômica e social
na Região Nordeste: cultivada em 10 mil hectares, empre-ga cerca
de 60 mil pessoas - direta e indiretamente - e movimenta
diretamente volumes de negócios da ordem de 65 milhões de reais
por ano.
Gosto do consumidor
- A Alfa São Francisco foi gerada a partir de trabalhos de
melhoramento genético de outra variedade, Alfa Tropical,
desenvolvida na Embrapa Hortaliças, em 1998, para plantio nos
estados do sudeste, nordeste e centro-oeste do país. A pesquisa
da Embrapa Semi-Árido unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, realizada durante cinco anos, enfatizou a seleção
de plantas com carga genética resistente às altas temperaturas
do verão e, ao mesmo tempo, adaptada ao cultivo em períodos de
chuva, que são coincidentes na região.
No último
período de testes (novembro-2003/março-2004), realizados em 11
pequenas propriedades, a Alfa São Francisco chegou a produzir
quase o dobro em relação a outras variedades usadas nos cultivos
das principais regiões produtoras do Nordeste. Os pesquisadores
ainda enfatizaram outras qualidades da Alfa São Francisco a fim
de torná-la mais apreciada pelos consumidores. Uma delas foi a
seleção de plantas para a produção de bulbos uniformes e
arredondados. Segundo Carlos Antônio, este formato de cebola é
preferido no mercado e confere a esta variedade maior facilidade
de comercialização.
Meio ambiente
- A nova variedade ainda se destaca pela sua produção e
rusticidade. O potencial produtivo registrado em testes
experimentais com pequenos produtores é superior a 30 t/ha. Ao
mesmo tempo, a variedade apresenta tolerância às principais
doenças que atingem a cultura na região. Esta característica
reduz a quantidade de agroquímicos nos plantios da variedade, o
que baixa os custos de produção e diminui o impacto sobre o meio
ambiente.
Novas variedades
- Os pesquisadores da Embrapa Semi-Árido apostam no
desenvolvimento de novas variedades para ampliar a participação
da cebolicultura no mercado nacional, que, hoje, é de 18%. Eles
acham viável chegar a 30% em médio prazo. Uma das inovações é
desenvolver variedades híbridas locais. Segundo o pesquisador
Nivaldo Duarte Costa, da Embrapa Semi-Árido, esse poderá ser o
primeiro híbrido nacional. Os híbridos têm potencial para
produzir o dobro do que as variedades, além de serem mais
uniformes.
Cebola cascuda bronzeada
- Esta variedade, que tem a casca mais dura, tornará os
produtores brasileiros aptos a competir com a Argentina tanto no
mercado interno, como no mercado externo - o país gasta por ano
12 milhões de dólares importando produto argentino, já que este
tipo de cebola tem fácil acesso no mercado europeu. Para o
mercado americano, o pesquisador está finalizando os
experimentos para desenvolver a cebola doce. Ele considera que
com a ampliação da participação no mercado interno é possível se
abrir mais 40 mil empregos diretos e indiretos na região. |