Brazil
July 1, 2004
De
acordo com levantamento, recém concluído, pela
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a ferrugem asiática
provocou perdas de cerca de 4,5 milhões de toneladas de soja, na
safra 2003/04. Associando o que deixou de ser colhido e os
gastos com o controle químico (fungicidas e despesas com
aplicação), o custo ferrugem foi de aproximadamente US$ 2
bilhões. "Esses valores representam praticamente o dobro de
prejuízo levantado na última safra", calcula o diretor
presidente da Embrapa, Clayton Campanhola.
Antes da safra, foi detectado o surgimento de uma nova raça do
fungo P.pachyrhizi, causador da ferrugem, o que provocou quebra
de fontes de resistência. Isso inviabilizou o desenvolvimento de
cultivares resistentes à ferrugem. Outro problema foi a presença
contínua desse fungo na entressafra, em lavouras "safrinhas", no
Cerrado (BA, GO, MA, MG, MT, SP e TO). "Apesar disso, as chuvas
irregulares e as temperaturas elevadas, no início da safra,
evitaram a explosão da ferrugem. Além do mais, os produtores
estavam de prontidão para fazer o controle químico", diz o
pesquisador da Embrapa Soja, José Tadashi Yorinori.
De acordo com a Embrapa, na safra 2003/04, os estados mais
atingidos com a ferrugem foram Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais
e São Paulo. No MT, lavouras com cultivares precoces e irrigadas
por pivô central ou sem irrigação foram pulverizadas até duas
vezes. Em outras regiões, lavouras não tratadas ou tratadas com
deficiência foram afetadas pela ferrugem, em diferentes graus de
severidade. "Essas áreas também serviram de fontes de
disseminação para áreas vizinhas, que tinham lavouras mais
tardias", explica.
No Paraná, segundo produtor de soja atrás apenas do MT, a
progressão da doença foi impedida pela forte estiagem e altas
temperaturas, em janeiro. De modo geral, os produtores
controlaram adequadamente a doença. A maior redução da produção
de soja no Estado foi causada pela estiagem. A falta de chuva
também foi a grande responsável pelas perdas econômicas no Rio
Grande do Sul e Santa Catarina, apesar de registros da ferrugem.
Dentre todos os Estados afetados, a Bahia foi o que apresentou
maior eficiência no controle da doença. O esforço concentrado de
órgãos de pesquisa pública e da iniciativa privada permitiu uma
ampla divulgação do problema e das ações de controle a serem
adotadas. "Além de todo o trabalho de divulgação, foi de
fundamental importância a conscientização dos produtores e a
pronta resposta com a adoção das medidas de controle", aponta
Tadashi.
Em outros estados onde as perdas foram elevadas, houve falta de
informação ou de conscientização sobre os riscos potenciais por
parte dos produtores e da assistência técnica no combate a
doença. "Também detectamos que, ao final da safra, quando o
problema tornou-se grave, houve falta de fungicidas e elevação
exagerada dos preços dos produtos no mercado", diz.
Pesquisa e assistência técnica - Desde 2001, a Embrapa Soja e as
instituições parceiras têm acompanhamento a evolução da doença,
pesquisando e difundido as medidas de controle. Entre as
principais ações estão: o acompanhamento da ocorrência da
ferrugem durante a safra na entressafra; avaliação da eficiência
de fungicidas no controle da ferrugem e orientações sobre o uso
e momento correto da aplicação; pesquisas sobre fontes de
resistência genética, avaliação da reação de linhagens e
cultivares de soja à ferrugem, capacitação contínua de
agrônomos, técnicos agrícolas e produtores de soja, através de
cursos, treinamentos, palestras, dias de campo, atendimento de
consultas telefônicas e pessoais e visitas a lavouras e,
principalmente, informações sobre a ocorrência da ferrugem e
providências a serem tomadas para controle, em tempo real, no
Sistema de Alerta, na página da Embrapa Soja, na Internet.
Apesar dos esforços da pesquisa, até o momento, nenhuma cultivar
mostrou-se suficientemente tolerante à doença. Atualmente, o
controle químico é o mais eficiente, porém, seu uso eficaz e
econômico depende: da capacidade de identificar a doença na fase
inicial; do levantamento e acompanhamento das primeiras
ocorrências e da vistoria contínua das lavouras; da adequação da
densidade de semeadura para maior penetração do fungicida na
folha; da escolha correta do(s) fungicida(s), em relação a fase
de desenvolvimento da soja e da severidade de infecção; da
observação das condições climáticas no momento da aplicação; da
adoção de equipamento e tecnologias corretas de aplicação -
tanto para tratamento aéreo como terrestre e da capacidade
operacional para aplicação do fungicida no momento correto,
principalmente, em períodos chuvosos. Mais informações sobre a
ferrugem da soja:
www.cnpso.embrapa.br/alerta |