Brasília
April 28, 2004
Nádia
Faggiani
Repórter da Agência
Brasil
A
expectativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão
(Abrapa) é de que se confirme a safra recorde de 1,2 milhão de
toneladas estimada pelo governo para este ano. “O país teve de
produzir mais para suprir o mercado interno e externo que vem
crescendo. O consumo interno médio do Brasil é de 800 mil
toneladas ao ano. Neste ano, serão produzidas 450 mil toneladas
a mais para atender os contratos de exportação internacional”,
afirma o conselheiro da Abrapa, João Pessa.
No ano passado, a safra foi de 850 mil toneladas, 40% menos que
a meta prevista para 2004. A Abrapa teve papel decisivo no
processo de negociação na Organização Mundial do Comércio (OMC),
que resultou em um relatório, divulgado nesta semana, que sugere
que o governo dos Estados Unidos retire os subsídios concedidos
aos produtores de algodão americanos.
De acordo com João Pessa, se os Estados Unidos retirarem os
subsídios, em um ou dois anos o Brasil poderá dobrar sua
produção, para fazer frente ao mercado que se abriria. Pessa
reconheceu, no entanto, que isso não será fácil. “O Brasil é o
único país com potencial para abocanhar boa parte do mercado que
hoje é ocupado pelo algodão americano subsidiado. A resposta dos
Estados Unidos é que eles vão continuar a brigar por sua posição
na OMC. Mas já demos um grande passo ao conseguir reconhecer na
OMC que os subsídios tornam os países em desenvolvimento
incapazes de competir no mercado internacional”, disse.
Os Estados Unidos são hoje o maior exportador de algodão do
mundo. Mesmo sendo o maior produtor mundial, a China importa por
ano entre 800 e um milhão de toneladas do produto. Ao lado de
outras nações da Ásia, o país é o principal comprador do produto
brasileiro. O segundo mercado do Brasil é a União Européia.
De acordo com João Pessa, o crescimento da safra de algodão
deste ano vai gerar conseqüências positivas para o Brasil. Com a
exportação de 450 mil toneladas do produto para o exterior, o
país vai faturar US$ 1 bilhão para sua balança comercial. O
representante da Abrapa afirma que o crescimento da safra de
algodão gera mais empregos e reduz o preço do produto no mercado
interno.
Pessa lembrou que a cultura do algodão gera muitos empregos,
porque a cadeia produtiva é extensa, envolvendo desde a
tecelagem até a estamparia. Para cada emprego que a cultura da
soja gera, por exemplo, o algodão gera quatro. "E quanto mais
exportamos, mais competitivo nosso produto fica e o preço do
algodão cai no mercado interno”, conclui.
Brazil's
cotton crop could set a record
The
Brazilian Association of Cotton Growers(Abrapa) expects that the
Brazilian government's estimate for a record-breaking 1.2
million ton crop this year will be confirmed. "The country had
to produce more to supply the domestic market and the foreign
market, which has been growing. Brazil's average annual domestic
consumption is 800 thousand tons. This year the excess
production will satisfy international export contracts," affirms
Abrapa councillor, João Pessa. The crop last year amounted to
850 thousand tons.
According to Pessa, if the United States eliminated its cotton
subsidies, Brazil could double its production in one or two
years to supply the market that would open up. He admits,
however, that this will not be easy. "Brazil is the only country
with the potential to take over a good part of the market that
is currently dominated by subsidized American cotton. The
response of the United States is that they will continue to
defend their position in the World Trade Organization (WTO). But
we took a big step by obtaining an acknowledgement within the
scope of the WTO that the subsidies make developing countries
unable to compete on the international market," he said.
The United States is currently the world's largest cotton
exporter. China, even though it is the world's biggest producer,
imports between 800 thousand and one million tons of the
product, annually. Together with other Asian nations, it is the
chief purchaser of Brazilian cotton. Brazil's second most
important market is the European Union.
According to Pessa, the growth in this year's cotton crop will
have positive consequences for Brazil. Cotton exports equivalent
to 450 thousand tons will inject US$ 1 billion into the
country's trade balance. The Abrapa representative affirms that
the bigger cotton crop also creates more jobs and reduces the
domestic price of the product.
For its part, the current Brazilian soybean crop should attain
52.609 million tons, 2.19% more than in 2003 (51.482 million
tons), according to the March estimate for the 2004 harvest,
announced today by the Brazilian Institute of Geography and
Statistics (IBGE).
Compared with the first estimate for 2004, released in January,
there is a loss of approximately 7 million tons, in consequence
of adverse climatic conditions in the principal centers of
production, according to the IBGE. "There was a dearth of rain
in the states of Rio Grande do Sul, Paraná, and Mato Grosso do
Sul, and an excess in Mato Grosso and Goiás. In this last state
there was also a severe attack of Asiatic rust, a fungus disease
very damaging to soybean plantations," the Institute's note
explains.
Translator: David Silberstein |