Brasilia, Brazil
November 14, 2003
Pelo menos
50.400 produtores de todo país já assinaram o termo de
compromisso, responsabilidade e ajustamento de conduta
declarando que optaram pelo plantio de soja geneticamente
modificada na safra 2003/04. No Rio Grande do Sul, há cerca de
50 mil documentos assinados, informou hoje (14/11) o Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) com base em
dados da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag). Em
algumas localidades, como Chapada, na região do Planalto Médio,
a adesão ao termo chega a quase 98%. Segundo o prefeito Carlos
Alzenir Catto, dos 1.800 agricultores do município, 1.700
aceitaram assinar o termo recomendado pelo governo federal.
“Aqui, o
pessoal não tem medo de assinar o termo porque sabe que está
plantando um produto que não faz mal à saúde e nem ao meio
ambiente, pois usa menos agrotóxicos nas lavouras”, disse Catto.
Para ele, o alto índice de adesão ao documento reflete as
vantagens do cultivo da soja transgênica em relação à
convencional. De acordo com o prefeito, as alterações feitas na
medida provisória que autorizou o cultivo do produto na próxima
safra também contribuíram para acabar com as resistências à
assinatura do termo.
Área de
colonização alemã, Chapada tem uma economia dependente da
agricultura, onde se destacam a soja, o milho e o trigo. Hoje,
82% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
arrecadado no município provêm da atividade primária, revelou
Catto. “Cinqüenta e oito por cento da nossa população vivem na
zona rural”, ressaltou, lembrando que Chapada está na 92ª
posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no estado. “No ranking brasileiro do
IDH, estamos
classificados em 281º lugar.”
PEQUENOS
PRODUTORES
O prefeito
afirmou que 100% dos mini e pequenos produtores de Chapada estão
plantando soja transgênica há pelo menos quatro anos. “Se engana
quem diz que o plantio desse produto só interessa aos grandes
produtores”, enfatizou Catto. “Aqui, só quem não está cultivando
a soja transgênica são justamente os donos de grandes áreas de
terras, que tinham semente convencional e temiam punições caso
plantassem sementes geneticamente modificadas.”
O plantio de
soja transgênica teve reflexos sociais e econômicos em Chapada,
revelou Catto. “O cultivo do produto no município acabou com o
êxodo rural, melhorou a renda dos produtores e permitiu a
recuperação de áreas que já não prestavam mais para lavouras.”
Também houve uma valorização do preço da terra. Antes, lembrou
ele, o hectare custava entre 200 e 220 sacos de soja. Hoje,
custa entre 380 e 400 sacos do produto. “Mas não há mais terras
para comprar por aqui.”
Ao citar as
vantagens da transgenia, o prefeito afirmou que 40% da soja
geneticamente modificada da safra 2002/03 ainda não foram
comercializados. “Isso mostra que o pessoal tem condições para
esperar o momento mais oportuno para vender o produto.” Com o
aumento da renda dos agricultores, também houve uma redução do
desemprego no município. “Está difícil encontrar pedreiros e
carpinteiros por aqui, porque há muitas obras em construção nas
areas urbana e rural.
” Chapada tem
1.517 propriedades rurais, conforme dados de 1996. Do total, 496
têm até 10 hectares, 884, de 10 a 50 hectares, 70, de 50 a 100
hectares e 67, mais de 100 hectares.
Na safra passada, o município colheu 1,7 milhão de sacos de 60
kg de soja em uma área de 38 mil hectares.
Nas lavouras
transgênicas, a produtividade é de mais de três mil quilos por
hectares, enquanto nas convencionais é de dois mil e
quatrocentos quilos por hectare, assinalou Catto.
ADESÃO
A exemplo do
prefeito, a Fetag também está satisfeita com a adesão dos
agricultores ao termo de compromisso para plantio de soja
transgênica em 2003/04. “Estamos trabalhando para que tenhamos
cem mil assinaturas até nove de dezembro, quando termina o prazo
para assinar o documento”, declarou o secretário-geral da
entidade, Elton Weber.
A Fetag está
realizando uma campanha nas 22 sedes regionais e nos sindicatos
de produtores rurais gaúchos para que os agricultores assinem o
documento. “Depois das mudanças feitas na medida provisória que
autorizou o plantio de transgênico, a adesão ao termo aumentou”,
reforçou Weber. “Mas antes disso acontecer, já estávamos
promovendo a campanha.”
Ele explicou
que a Fetag contabilizou 50 mil assinaturas do termo de
compromisso, até esta semana, baseada em levantamento feito nos
sindicatos de trabalhadores rurais, cooperativas de crédito e
bancos. “Agora, com a adesão da Farsul (Federação da Agricultura
do Estado do Rio Grande do Sul) ao documento, esse número deve
aumentar significativamente.” |