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Taxa a ser cobrada de quem planta transgênico vai financiar pesquisa
Brasília, Brazil
October 29, 2003

Ellis Regina
Repórter da Agência Brasil

Os produtores que plantam soja transgênica poderão ser obrigados a pagar uma taxa para investimentos em pesquisa. O valor da cobrança será determinado por tonelada da produção e os recursos serão usados para viabilizar estudos sobre o impacto ambiental do uso de transgênicos. A sugestão é do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que se reuniu hoje para debater o assunto com o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), relator da Medida Provisória 131, que liberou o uso de transgênicos na safra 2003/2004.

O presidente do conselho, ministro Tarso Genro, informou que os conselheiros concordaram que a empresa produtora de sementes transgênicas deve ser responsabilizada pelos eventuais danos ambientais e humanos provocados pelo seu uso. Segundo ele, a medida provisória deve ser aprovada pelo Congresso Nacional como uma solução emergencial que evitará danos irreversíveis para agricultura. "A medida deve ser aprovada, embora adotando-a como um método excepcional para resolver o problema”, explicou. Um documento com as sugestões do Conselho será entregue ao presidente da República para análise.

Para o ministro, uma taxa para viabilizar estudos nessa área poderá ser positiva. Por outro lado, o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Paulo Ribeiro Capobianco, disse que os produtores não podem ser onerados com um compromisso dessa natureza. “Na verdade, quem deve pagar os custos pelo licenciamento é a empresa e não o agricultor. Também não pode haver uma presunção de que o pagamento da taxa estará financiando o estudo de impacto ambiental para uma futura licença”.

O relator da MP observou que a sugestão só será incluída no texto final da Medida Provisória se houver consenso entre Ministério do Meio Ambiente e os agricultores, “não vale a pena fazer um estudo desse, se não houver um parâmetro mínimo. É uma idéia interessante. Se o ministério se dispuser a estabelecer termos referenciais, os agricultores disponibilizarem recursos e as instituições públicas pesquisarem - não há porque não fazer”. O parlamentar disse que já fez uma pesquisa prévia com agricultores e houve uma aceitação. Se o governo mostrar interesse em levar adiante o projeto, segundo Pimenta, a sugestão será incluída na MP.

De acordo com o congressista, somente no Rio Grande do Sul, 150 mil produtores plantam soja geneticamente modificada. Segundo o deputado, com o inicio da safra, neste mês, a aprovação da medida provisória é essencial para os agricultores. "A não aprovação da MP pode ser desastrosa e criar um impasse no país". O ministro Tarso Genro observou, no entanto, que os conselheiros concordaram que a Medida provisória deve ser aprovada pelo Congresso Nacional, mas como uma solução emergencial que evitará danos irreversíveis para a agricultura. “A medida deve ser aprovada, embora adotando-a como um método excepcional para resolver o problema”, afirmou. Capobianco disse, por sua vez, que o governo enviará nesta semana um projeto definitivo sobre o assunto.

O relator informou que seu parecer somente será concluído depois da realização de uma audiência pública com a Monsanto, multinacional proprietária das sementes de soja transgênica. "A empresa deve ser solidária e compartilhar as responsabilidades e conseqüências do uso de transgênicos”, afirmou. O parlamentar acrescentou que todas as emendas que tenham como objetivo liberar o uso do herbicida Grifosato para o plantio de soja transgênica serão rejeitadas em seu parecer.
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