Brazil
March 27, 2008
Vários segmentos da sociedade
estiveram reunidos hoje( 27), em Brasília, para avaliar os
riscos ambientais e sociais de Organismos Geneticamente
Modificados (OGM). A iniciativa da
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) tem como objetivo validar uma
metodologia de participação pública inédita no Brasil, que
possibilite o envolvimento da sociedade no debate científico
sobre os transgênicos.
O grupo que coordena os trabalhos conta não somente com membros
da Embrapa, como do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), do
Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC). O projeto piloto tem como
estudo de caso o feijão resistente ao mosaico dourado,
desenvolvido pela Embrapa. O mosaico dourado é um vírus que
ataca a cultura do feijão e ocorre em quase todas as regiões
brasileiras podendo causar perdas de até 100% na produção.
A coordenadora do projeto, Julia Guivant, da UFSC, explica que a
proposta é fazer com que a sociedade deixe de ser mera ouvinte e
passe a fazer parte ativamente do processo de discussão sobre
assuntos polêmicos como os transgênicos.
“É uma oportunidade de resgatar o diálogo entre vários setores
como consumidores, produtores, acadêmicos, indústrias,
respeitando o ponto de vista de cada um.” Julia explicou, ainda,
que apesar de no Brasil a participação da sociedade nesses
discursos ser uma novidade, em outros países isso já se pratica
há muito tempo.
Para a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, Deise Capalbo,
nada melhor que avaliar os impactos sociais de uma pesquisa,
ouvindo as considerações daqueles que vão ser diretamente
afetados pelo produto.
“Com isso será possível enxergar quais as preocupações da
sociedade, buscar respostas, criar mecanismos eficientes de como
chegar na população, quais os principais pontos a serem
esclarecidos, quais pesquisas desenvolver, enfim tornar o
processo mais eficiente”, relatou.
Durante a abertura dos trabalhos, foram realizadas apresentações
sobre a situação sócio-econômica do feijão, os problemas do
feijão com mosaico dourado e o feijão transgênico, que se
encontra em estágio de testes de campo, aguardando aprovação da
Comissão Técnica de Biossegurança (CTNBio) para liberação
comercial ainda este ano.
Participação da sociedade
O representante do Conselho de Informações sobre Biotecnologia,
jornalista Antônio Celso Villari, acredita que à medida que a
informação é discutida e democratizada, toda a sociedade tende a
ganhar.
“O consumidor só vai entender de fato o que são os transgênicos,
como são estudados e como chega nas prateleiras dos
supermercados, se eles forem envolvidos nessa discussão.
Iniciativas como essa são excelentes”, ressaltou.
Para a presidente da Associação das donas de casa de Goiás,
Maria das Graças Santos, apesar de ser algo novo, o momento é de
conhecer e aprender sobre o assunto. “O feijão é um dos produtos
mais importantes para nós donas de casa que nos preocupamos com
a possibilidade dele desaparecer da nossa mesa, por isso vou
aproveitar ao máximo a oportunidade e levar o maior número de
informações possível para as colegas de todo o Brasil”.
Maria das Graças afirmou ainda que o perfil das donas de casa é
diferente de anos atrás. “Estamos saindo detrás dos tanques e
fogões e correndo atrás de aprender sobre as coisas que nos
interessam, e os transgênicos é uma delas.”
Os produtores também avaliam positivamente a iniciativa. Segundo
o representante dos produtores de feijão de Paracatú (MG),
Jeferson Appel, o debate vai possibilitar acabar com o mito de
que os transgênicos vai trazer algum mal para a sociedade.
“Minha expectativa é muito boa. Eu espero que os frutos dessa
oficina venham a contribuir para poder acelerar a liberação de
feijão transgênico no Brasil.” |
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